ERRADICAÇÃO DA POBREZA EXTREMA ATÉ 2016?
Há cerca de duas ou três semanas, fomos informados pela mídia, com pompas e circunstâncias, sobre a notícia advinda de um Comunicado – 38 -, da Presidência do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), de que o Brasil, até 2016, poderia, junto com as Olimpíadas e como para justificar os seus gastos, erradicar a pobreza extrema no país, e a “desigualdade social”.
Ressalte-se aí que “em 2007, havia 4,8 milhões de jovens desempregados, 60,74% do total de desempregados no país. O desemprego nesta faixa etária é três vezes maior que entre adultos. Especialmente elevado (19,8%) era o número de jovens que não estudavam nem trabalhavam.”
E o mesmo Presidente do IPEA, que falava da erradicação da pobreza extrema até 2016, diz hoje nos jornais que: “O estudo afirma que as ações do governo para os jovens não são coordenadas. Fenômenos como as altas taxas de evasão escolar, índices alarmantes de morte precoce ou a reprodução de desigualdades centenárias entre as novas gerações confirmam uma trajetória irregular e de fracassos na faixa etária entre 15 e 29 anos. Segundo o IPEA, o país não está tirando o melhor proveito do bônus demográfico que a onda jovem possibilita.— O “Brasil chegou um pouco tarde com políticas públicas para a juventude — diz Pochmann.”
E ainda é noticiado que a UNESCO diz que o “Brasil tem maior repetência da América Latina. Taxa na escola primária é de 19%” (“O Globo”, 20.1.2010, p.12)
Então, de que tipo de erradicação de pobreza se está falando???
Ah! Do dinheiro, é claro.
Lendo com detalhes o Comunicado 38 (acesso na página: http://www.ipea.gov.br/default.jsp) podemos ver que, o que é chamado de “melhora social no Brasil” é, na verdade uma referência a uma “queda média anual na taxa nacional de pobreza absoluta (até meio salário mínimo per capita) (…) e da taxa nacional de pobreza extrema (até ¼ de salário mínimo per capita)”(…)
Dá-se o dinheiro, mas mantém-se as crianças e os jovens na verdadeira miséria, a da ignorância. O investimento sério, absolutamente radical nas políticas de acesso à educação ainda não foi feito; ao menos com a constância de décadas, necessárias para se erradicar a verdadeira miséria na qual estamos mergulhados: a da pobreza do acesso à educação, ampla e irrestrita, para nossa infância e juventude.
Existem planos,claro. Noticiamos neste blog que foram feitas novas leis, e emenda à Constituição ampliando o direito ao ensino básico até aos 17 anos. Tudo é discurso, pois na prática, a educação ainda não virou o grande negócio do País.
Não tem obras, nem inaugurações.
Eduação é um investimento que precisa de desapego ao sucesso imediato, e generosidade política do governante, pois não se inaugura formaturas de jovens!
Leis há, mas a fé nelas não, já que ainda não estamos absolutamente convencidos de que só as oportunidades de ensino podem construir a verdadeira cidadania da libertação!