Estádios de futebol: Maracanã, Pacaembu e Mané Garrincha

O que fazer com eles? Quem deve mantê-los?

O Mané Garrincha – Brasília, 25 de abril de 2017. Visitei por dentro o Estádio Nacional de Brasília “Mané Garrincha”, tido como o mais caro da Copa de 2014 no Brasil.  (Veja a relação atualizada aqui)

Fiquei impressionada, pois não me lembro de quando havia entrado em um estádio de futebol. Toda aquela estrutura toda vazia me sensibilizou ainda mais. Do lado de fora é tocante; por dentro, nem se fala.

Aquela imensidão de cadeiras, sem uso, esperando um jogo, aqui e ali, com aquela água jorrando no gramado seco de Brasília, caríssima. A paixão de milhões de brasileiros realmente custa muito para todos nós!

A despesa de manutenção, afora as receitas, seria de R$ 6,7 milhões. Em 2016 realizou 17 partidas, tudo segundo publicação recente.

O Pacaembu – São Paulo, Folha, dia 28.04.2017. Prefeito Doria discute a privatização do Pacaembu, estádio de futebol cuja manutenção é de R$ 3,6 milhões por ano, segundo reportagem. O estádio é preservado como bem cultural de São Paulo e por isso não pode ser modificado em suas características.  Mas, isso não é necessariamente um obstáculo aos projetos que visem uma adaptação de uso múltiplo dos estádios. Ou é?

Não acredito que a nossa festejada criatividade fique obstruída quando se trata de imaginar usos múltiplos para estádios de futebol!

O Maracanã: Coitado deste símbolo do futebol brasileiro desde que resolveram transformá-lo em um estádio espetáculo para a Copa, e depois privatizá-lo . Aliás, não só ele, mas todo o Complexo Esportivo que o integra, o Maracanãzinho, as pistas de atletismo do Célio de Barros e as piscinas do Julio Delamare.  Ele luta para sobreviver.

O Estado do Rio de Janeiro, que desde a fusão deveria tê-lo passado à cidade do Rio de Janeiro, teve na administração do Maracanã o ponto ápice do exemplo de má gestão, de corrupção e de destruição de bem cultural tombado pelo país.  E tudo isto aconteceu nos últimos três anos, sob o olhar compassivo dos cariocas e, sobretudo, do prefeito de então da cidade, da ex administração do IPHAN, e, sobretudo do Governo do Estado.

Hoje, o grande Maraca deteriora sob o olhos dos administradores públicos e da lentidão do Judiciário.  Ainda está em tempo da Cidade do Rio reivindicar para si a administração do Complexo Esportivo do Maracanã.  Ele é da Cidade.  

Esta medida haveria de ser rápida, antes que a falida e, comprovadamente, incompetente administração estadual o entregue a um outro concessionário, desta vez estrangeiro, após quase R$ 1,5 bilhão de investimentos públicos no local.

Qual o custo de manutenção do Maracanã? Impossível saber, em uma pesquisa rápida  Talvez na base de R$ 10 milhões anuais.  Mas, a Odebrecht (com desculpas pela má palavra), diz que este valor pode se elevar para 5 a 10 vezes mais. Quem sabe?  De qualquer forma, alternativas há de se ter…

Uma alternativaO dinheiro privado dos apostadores

Vale perguntar por que parte do dinheiro de loterias esportivas não vai também para a manutenção de estádios de futebol públicos que cumpram determinadas condições de atendimento esportivo de escolas e clubes sociais? O total de loterias, das 9 modalidades administradas pela Caixa, arrecadaram, no ano de 2016 quase R$ 13 bilhões brutos (R$12.836.156.870,00)

Destacamos três loterias da Caixa Econômica Federal ligadas diretamente ao futebol. São elas a Loteca, a Timemania e a Lotogol.  Juntas, segundo o site da CEF tiveram a arrecadação bruta, no ano de 2016, de quase R$ 400 milhões (R$ 398.842,417). Se tirarmos 50% de distribuição de prêmios, ainda sobram R$ 200 milhões.

Desta sobra, por que não tirar um pequeno percentual anual para manutenção de grandes estádios onde ocorrem os jogos que são palcos das apostas? Ainda restaria muito dinheiro !

Veja um quatro em que um prêmio individual da Loteca (prêmio 720) foi de mais de R$ 5 milhões (R$5.211.466,00). Ou seja, uma vez e meia o custo anual de manutenção do Pacaembu.

Se há tanta gente apostando o seu dinheiro privado em jogos de futebol, por que não destacar parte do dinheiro, repito – dos próprios interessados – em manter o palco onde acontecem os jogos?

Acho que estes apostadores não teriam nada contra. O que não pode é o nosso suado dinheiro se esvair no chuveirinho do gramado do Mané Garrincha.

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