Ilha de Bom Jesus: entrega anunciada

Preservada há mais de cinquenta anos, a Ilha de Bom Jesus, patrimônio natural dos cariocas, estará ameaçada por decisões governamentais de última hora?

Destaque: Ilha de Bom Jesus

 

A considerar verdadeira a notícia publicada hoje em grande jornal carioca, parece que sim.  Nela é anunciada que a Ilha de Bom Jesus, encravada numa ponta da Ilha do Fundão, será ocupada por mais de dez empresas em um novo “pólo tecnológico”.

E esta notícia vem travestida de “verde”, para lhe conferir uma espécie de legitimidade, já que o discurso ecológico é necessário para que ocupações, ainda sem planejamento, possam passar como politicamente corretas.

A Ilha de Bom Jesus fica numa ponta da Ilha do Fundão, pertence ao patrimônio da União e, por décadas, ficou sob o uso e tutela do Exército brasileiro.

Este, por força da lei 5.651 de 1970, pode vender terras da União que estão sob sua tutela, e o produto da venda irá para o Fundo do Exército. E, parece que a nossa Ilha de Bom Jesus está à venda.

A Prefeitura do Rio está propondo comprar 47 mil metros quadrados dos 240 mil metros quadrados que tem a Ilha – fruto de um aterro – para doá-la à GE, para instalação do pólo tecnológico daquela empresa.

Agora vem outra notícia: a de que, em reunião executiva, algumas autoridades do Estado, com uma dita participação da Prefeitura e da UFRJ, estariam propondo um “distrito verde” para Ilha de Bom Jesus. Ou seja, a instalação naquele paraíso ecológico, naquela reserva ambiental e patrimônio cultural da cidade, de mais de 10 empresas de tecnologia, das quais duas já anunciadas: as multinacionais GE e L´Oréal. Tudo, evidentemente, com muitos incentivos fiscais e fundiários.

Mas, há duas semanas, em reunião com os vereadores na Câmara Municipal, teria sido acertado que nada seria feito antes de se planejar a ocupação não só da Ilha de Bom Jesus, como da Ilha do Fundão. (Confira o vídeo)

Óbvio: impossível fazer ocupações em qualquer área, em qualquer território urbano, sem regras de planejamento. É isto que ensinam em todas as escolas universitárias, inclusive na UFRJ!

Como, então, fazê-lo, sem planejamento, no coração daquela Universidade?

Pior. Ao ler essa notícia, ao que parece, a Câmara de Vereadores do Rio faz o papel de “marido traído”, já que ficara acertado de que nada seria deliberado, relativamente ao plano urbanístico de ocupação da área, sem a sua aprovação – sendo essa sua competência legítima.

Mas, independentemente desse “acerto”, que parece de pouca importância, decisões executivas são tomadas e anunciadas na imprensa!

Afinal: será que os Executivos estadual e municipal têm poderes mediúnicos para ler o pensamento dos representantes do povo na Câmara, para saber se eles concordam, ou não, em ocupar aquela ilha com cimento e tijolos?

Ou será que o desprezo pelo parlamento municipal é tamanho que todos podem decidir o que for para a Cidade, pois sabem que os vereadores aderirão?

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9 Resultados

  1. Anonymous disse:

    Qual documento transferiu a propriedade da IBJ a Prefeitura?
    Qual autoridade do Exército intermediou e lavrou tal documento? Existe? A Seção de Patrimônio da União está ciente? Os militares que lá residem estão cientes? E o patrimônio ambiental, foi reservada área para a sustentabilidade do local?

  2. Anonymous disse:

    Lei complementar Municial legislando sobre área federal afetada?????
    Não deve existir uma simetria legal?
    Cadê o pacto federativo? Foi pro lixo?
    Cadê o MPF? Tá dormindo? Cadê o MPM? Não é possível…isso é picaretagem…só não vê quem não quer…

  3. Anonymous disse:

    Projeto de Lei não é lei. Só tem validade após sua aprovação…
    O bem foi desafetado?
    Isso é imundice!!!!!!!!!!!!!

  4. Girotecnico disse:

    A Ilha de Bom Jesus não existe mais pois está incorporada à Ilha do Fundão assim como outras que foram aterradas e interligadas formando a Ilha do Fundão. Infelizmente no PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 66/2011 que "Cria e delimita a Área de Especial Interesse Funcional da Cidade Universitária e dá outras providências", não cita áreas de presevação o que coloca em risco todas as áreas que possam haver interesse em sua preservação. Lamentávelmente, o interesse público não recebe a atenção devida previlegiando os interesses comerciais que estão por de trás dos parques tecnológicos.

  5. Anonymous disse:

    Aliás isso dá uma boa ação popular…ALÔ MPF!!!!!

  6. Anonymous disse:

    Tirar PNR de praça no fundão é mole!!!!!
    Quero ver tirar o PNR dos oficiais no Leme, Urca, Praia Vermelha, Copacabana (Felipe de Oliveira) e os novinhos PNRs da Vila Militar…

  7. Anonymous disse:

    É por isso que antes mesmo da transação com a GE a Vila Militar foi literalmente abandonada pelo Comando da 1ª RM…casas que recebem verbas para manutenção totalmente abandonadas…nenhum praça é beneficiado mesmo…porquê não dão o Edifício São João na Urca, ou o Edifício dos Generais na Urca ou até mesmo o Edifício Praia Vermelha para a GE montar o Centro de "excelência"??????????

  8. Anonymous disse:

    A Vila Militar da Ilha do Bom Jesus é patrimônio histórico do Brasil…conheça um pouco mais sobre o asilo dos inválidos da Pátria…

  9. Anonymous disse:

    Essa transação entre Exército e Prefeitura do Rio de Janeiro não é legal e legítima.

    A Vila Militar da Ilha do Bom Jesus está ocupada com casas funcionais de militares do EB, que de alguma forma protegem voluntariamente o patrimônio ambiental do local, incluindo várias espécies de aves, como papagaios, saracuras, gaviões, garças, pica-paus, falcões e corujas…
    O bem público não foi desafetado e até agora os moradores não foram notificados sobre a transação.

    Será que a hierarquia militar será usada como mordaça?

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