O negócio Maracanã, já é… E o público, já era

Noticiado nesta sexta-feira , dia 12, o que publicamos há dois anos, em 30 de maio de 2011: o Maracanã de “terno e gravata”.  

Se o governador do Estado, apesar das manifestações de rua e das ações judiciais propostas pelo Ministério Público e que questionam a privatização do Maracanã, prossegue, impávido, com esse grande negócio, é porque ele quer muito, junto com gente muito poderosa.

Isso também entra na conta do prefeito do Rio, que se omite na municipalização do complexo do Maracanã, como determina a lei orgânica do Município.

Tudo às custas de excepcionalidade judicial: uma liminar dada pela Presidência do Tribunal de Justiça!  Enormes interesses!

Confiram também a matéria publicada no jornal “Extra”

Traje padrão Fifa

Consórcio quer estabelecer regras de comportamento: sem bumbo, bandeira, mas com camisa dentro do estádio

Guto Seabra – Jornal “Extra” – 1.07.2013

“Com a visão moderna de arena para um sessentão recauchutado por mais de R$ 1 bilhão, o Consórcio Maracanã S/A — formado por Ode-bretch, AEG e IMX — quer rentabilizar com o estádio que, mesmo vazio, tem alma. Deseja implantar o padrão Fifa de torcer no Rio de Janeiro: será proibida a entrada de bandeira com bambus, fogos de artifícios (o que representa perigo devido à cobertura), instrumentos musicais como o bumbo e torcer sem camisa e em pé. Um verdadeiro choque cultural para o torcedor carioca.

—Temos de trabalhar com os clubes nesta mudança de hábitos. Bandeirões gigantes, mastros de bambu, torcedores sem camisa, não assistir aos jogos em pé — afirmou o presidente do Consórcio Maracanã S/A, João Borba.

Dentro do conceito de centro de convivência, esportivo e cultural, há a preocupação com a violência. Grades de l,70m de altura aproximadamente serão instaladas para isolar as torcidas na arquibancada. Essa separação será removível para que, em 2014, seja retirada para entregar o estádio novamente para a Fifa, para a realização da Copa do Mundo. No anel inferior, uma barreira mais resistente será colocada para evitar os confrontos.

— Me lembro que, há alguns anos, eles corriam por baixo ou por cima para brigar. Será colocada uma grade resistente — disse Borba.

A revolta do torcedor que despeja sua raiva com a derrota do time de coração e depreda o Maracanã será monitorada. Desde a entrada no estádio, assim como toda a movimentação no interior.

Aquele que, quando perdia a cabeça, quebrava uma cadeira será flagrado. Na Arena Fonte Nova, administrada pelo mesmo grupo, no primeiro clássico Bahia x Vitória, 200 cadeiras foram quebradas. O consórcio anunciou num jornal de grande circulação de Salvador as imagens dos vândalos, com tarjas no rosto, para mostrar que estavam identificados. No segundo Ba-Vi, o número caiu para 43; num terceiro jogo, foram apenas cinco. No contrato assinado com o Fluminense por 35 anos, por exemplo, o Consórcio fica com a conta em caso de quebra-quebra.

— A ideia é fazer do Maracanã um centro de convivência. Desde 2003, estudo a Amsterdã Arena. De lá para cá, ela só cresce. Tem até Circo Du Soleil — disse Borba.

Com a concessão de 35 anos, a nova administração se comprometeu a investir R$ 594 milhões (construção de presídio, centros de treinamentos para atletismo e natação, escola, museu do esporte olímpico e dois prédios comerciais) e mais repasse de R$ 5 milhões/ano ao Governo Estadual. O consórcio ainda analisa juridicamente um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), baseado em conforto, acessibilidade e segurança.

Os “stewards”, seguranças que, uniformizados, ficaram de pé na Copa das Confederações estão garantidos para os próximos jogos.

— Manteremos. Eles são educativos — disse o presidente do Maracanã S/A. “

No meio, o ingresso salgado

Setores com visão privilegiada e sob a administração do Consórcio já têm preços: a partir de R$ 100 e R$ 220

“No novo Maracanã, ficar sentado com visão privilegiada (região central) já tem seu preço. O Consórcio Maracanã S/Ajá estabeleceu o valor mínimo para os setores Premium e a arquibancada superior: a partir de R$ 220 e R$ 100, respectivamente. O setor atrás dos gois terão os valores estipulados pelos clubes, responsáveis pelo local.

No mundo profissional do futebol, o Maracanã S/A promete rentabilizar e ter os quatro clubes usufruindo do estádio como parceiros. Ao assinar contrato com o consórcio por 35 anos, o Fluminense assume o papel de mandante para os jogos, a princípio, do Campeonato Brasileiro. Mas caso um outro clube carioca assine o vínculo e as datas coincidam, será avaliado quem jogará. O Maracanã S/A analisará o potencial financeiro. Se uma partida tem maior apelo de público, logocapacidade financeira, mas está marcada para outro palco, o consórcio negociará a transferência e arcará com o custo do aluguel do campo.

— É uma parceria nossa com os clubes. Podemos levar o outro jogo para um estádio e o consórcio arcar com os custos. Os clubes sabem o que querem. São novas gestões nos clubes — disse João Borba.

Na tentativa de dar conforto ao torcedor, o prefeito Eduardo Paes e o secretário municipal de transportes, Carlos Roberto Osório, conversaram com o Maracanã S/A para manter, em menor escala, as intervenções no trânsito para os jogos. A Radial Oeste ficará liberada, mas a Avenida Maracanã e a Rua Eurico Rabelo serão fechadas para os veículos.

— Será feita uma pequena ação de Copa das Confederações — disse Borba.

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1 Resultado

  1. Sergius disse:

    Espanta-me que, em pleno século XXI, ainda não haja justiça suficiente que supere a mão sedenta e o braço forte da ambição pelo poder sem autoridade e a gana com que se usurpa o erário.
    Como dizia Benedito Valadares, ainda impera a frase: “Aos amigos TUDO, e aos inimigos, a LEI…

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