A SuperVia e seus passageiros prioritários

Diariamente, milhares de usuários dos trens no Rio se deparam com os transtornos e imprevistos ao longo dos trilhos. Entre problemas e atrasos, as mesmas questões se arrastam há anos: vagões superlotados em horários de pico, defeito nas portas, atraso nos horários de saída, a presença de ambulantes que circulam livremente dentro e fora dos trens, e o calor insuportável. Muitos apresentam placas com revisões datadas da década de 1990…

 
Neste mês a SuperVia preparou um esquema especial para atender aos passageiros que foram aos shows de Paul McCartney, no estádio do Engenhão, e ao evento cultural Viradão Carioca, na Quinta da Boa Vista.
 
De acordo com a própria assessoria de imprensa da concessionária, nos dias referidos, “a SuperVia seria o melhor meio de transporte para deixar os fãs do ídolo do rock mais próximos do Engenhão”.
 
Contudo, A Supervia foi efetivamente o melhor meio de transporte apenas para os fãs de Paul McCartney. Porque, enquanto isso, os usuários “comuns” penavam para descobrir os horários e as plataformas de saída, em meio a muito tumulto.
 
Coincidência ou não, um dos trens, com destino à Japeri, emitindo nuvens de fumaça, acabou enguiçando em frente ao estádio. Quase que sufocados, os passageiros foram obrigados a saltar e assistir ao espetáculo que se desenrolava do outro lado da linha: “o melhor meio de transporte” trazendo os passageiros que vinham para o show, confortavelmente instalados em vagões com ar-refrigerado.
 
Preconceito, acomodação ou impunidade? Mesmo com denúncias diárias, o esquema de “vida de gado” promovido pela concessionária prossegue.
 
O pior é saber que a Agência Reguladora de Transportes (Agetransp) autorizou o Governo do Estado a renovar o acordo de concessão das linhas de trens urbanos por mais 25 anos (até 2048) para a Supervia.

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