Carta aberta em defesa da Educação

Com orgulho, divulgo neste blog a Carta Aberta da nossa Faculdade de Direito em apoio aos profissionais da Educação no Rio:

CARTA ABERTA DA FACULDADE DE DIREITO DA UERJ EM APOIO À LUTA DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO

A Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ vem a público manifestar seu apoio aos profissionais de educação da rede pública do Rio de Janeiro e o seu repúdio ao autoritarismo e violência com que vêm sendo tratadas as categorias por autoridades municipais e estaduais.

Vimos também apoiar o exercício legítimo do direito à greve, amparado pela Constituição da República de 1988 e por lei, como forma de luta coletiva por melhores salários e condições de trabalho e como meio de realizar o direito a uma educação pública, laica, popular e de qualidade.

Identificamos na maneira com a qual representantes e órgãos dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário vêm lidando com as manifestações populares na cidade do Rio de Janeiro um padrão de violações sistemáticas de direitos fundamentais. Nesse sentido, entendemos como investidas contra o Estado Democrático de Direito muitas das práticas da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, amparada pela Secretaria de Segurança Estadual, cujos abusos já se encontram amplamente registrados em vídeo e áudio, variando desde constrangimento ilegal até detenções arbitrárias, atuação sem identificação, desaparecimentos forçados e, notadamente, uso excessivo da força.

Também entendemos como ataques institucionais a direitos e liberdades que constituem fundamentos e fins da democracia as iniciativas dos poderes constituídos que permitem e facilitam a perseguição, intimidação e criminalização de manifestantes. Destacamos como iniciativas dessa sorte a criação de comissões especiais investigativas por decreto, com poderes e âmbito de atuação amplos e vagos; a condução coercitiva de manifestantes a delegacias policiais para identificação criminal, sem flagrante ou ordem judicial, ressuscitando a prática de “prisão para averiguação” comumente utilizada durante a ditadura civil-militar brasileira; as inovações legislativas para proibir o uso de máscaras em protestos populares, em afronta aos direitos constitucionais de reunião, associação, expressão e manifestação do pensamento.

É nesse contexto de violações de direitos que situamos o impedimento de acesso do povo às galerias da Câmara de Vereadores no dia 1o de outubro de 2013, quando foi votado o Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração da Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro, acesso este garantido não só pelo princípio democrático, mas previsto no regulamento interno da Câmara – Resolução Plenária nº 603/1989.

Enquanto era votada matéria de interesse geral da população e especial dos profissionais da educação, em sessão parlamentar que deveria ser pública, mas cuja participação popular foi negada, professores, funcionários e cidadãos que se manifestavam nos arredores da Câmara Municipal eram violentamente reprimidos pela Polícia Militar, que, em mais uma demonstração de força contra a população, agrediu manifestantes utilizando-se de força física bruta e de armamentos como bombas de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, tiros de bala de borracha, cassetetes e pedaços de pau.

Entendemos o posicionamento que firmamos nesta carta como conseqüência natural do compromisso com o fortalecimento das instituições democráticas, cujos princípios e diretrizes seriam estéreis se não guiados pela sensibilidade e abertura às demandas populares, e com a prática do Direito como garantia de espaços onde tais reivindicações possam ser vocalizadas.

Por todos estes motivos, a Faculdade de Direito da UERJ se coloca expressa e firmemente ao lado da luta legítima dos professores e funcionários da rede pública de ensino, amparada pela Constituição da República, que completa nesse mês de outubro o seu 25º aniversário e que tem como fundamentos a democracia e os direitos e liberdades que protegem a expressão, a educação e a dignidade de todos nós.

Rio de Janeiro, 08  de outubro de 2013

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4 Resultados

  1. DENISE B MIRAGAYA disse:

    É muito gratificante verificar que a UERJ, uma instituição respeitada na área do ensino, apoia de forma pública a luta dos professores, repudiando o autoritarismo deste Governo, que em nada representa a vontade do povo.
    Espero que os professores se mantenham firmes na luta pelos seus direitos, e não se deixem abater diante da arrogância e prepotência de nossos governantes, que de forma distorcida governam para si próprios, ignorando os anseios da população. Está mais do que na hora de dar um basta, e penso que é isso que os professores estão fazendo, com muita dignidade e coragem!!!!

  2. NEWTON FARO disse:

    A greve é um direito legítimo amparado pela Constituição Federal, e repudiamos o abuso e truculência com que o governo vem agredindo os professores. É um comportamento próprio de uma Ditadura, e nas próximas eleições, o povo saberá dar a resposta a esses governantes déspotas, tiranos e autoritários.

  3. NEWTON FARO disse:

    Aos queridos mestres
    Com a nossa solidariedade e total apoio, repudiamos a truculência contra os professores. Essa responsabilidade é do governo estadual e municipal, unidos no autoritarismo e violência com que vêm tratando essas categorias. É uma vergonha o que está acontecendo.

  4. Tudo muito bom e todo apoio aos professores, são bons.
    Não ha necessidade deles “pedirem” ajuda/apoio aos black blocs e ainda chama-los de “heróis”.

    >As passeatas poderiam começar a partir das 18h e ocupando apenas a metade da pista (lado direito ou esquerdo)
    da av. Rio Branco, dando a todos o direito constitucional de ir e vir, e não quer participar.
    As pessoas estão com medo de tudo, assim todos saem perdendo. Não aguentamos nais badernas.

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