Nem ‘Rio +20’ salva: reforma do Maracanã derruba mais de 100 árvores no estádio

Matéria publicada no jornal “Extra” em 22.06.2012

Tão preocupada com o selo verde da Copa de 2014, a Fifa anunciou ontem na Rio +20, cheia de pompa e publicidade, um investimento de cerca de US$ 20 milhões – R$ 41 milhões – em ações de sustentabilidade na Copa de 2014.

Raphael Zarko

Retroescavadeiras e caminhões fazem a limpa no Maracanã Foto: Nina Lima

Mas longe da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, realizada na Zona Oeste da cidade, a prática passou longe do discurso.

Ontem, o Jogo Extra flagrou mais algumas dezenas de árvores sendo destruídas em retroescavadeiras e retiradas em caminhões do Maracanã. O Consórcio formado por Andrade Gutierrez, Odebrecht e Delta – que saiu do projeto até a instalação da CPI do bicheiro Carlinhos Cachoeira – já derrubou mais de 100 árvores na área do estádio, desde fevereiro de 2011.

Operários recolhem galhos de árvores cortadas no entorno do Maracanã, na semana da Rio+20 Foto: Nina Lima

Quase ao mesmo tempo, na Rio +20, o argentino Federico Addiechi, diretor de responsabilide social da Fifa, disse num painel de sustentabilidade que o Brasil e o futebol seriam modelos ecologicamente corretos.

– Desde 2011, temos integração com câmaras temáticas do Brasil que tratam de meio ambiente. Temos que dar exemplo – afirmou o dirigente da Fifa.

A Secretaria Estadual de Esportes disse que a responsabilidade do projeto é da Secretaria de Obras. Até agora foram cinco “autorizações de remoção de vegetação”.

Na última delas, do dia 6 deste mês, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente aprovava a retirada 68 árvores na área do portão 18 e próximo ao estádio de atletismo Célio de Barros.

Em imagem de 2010, o detalhe da vegetação junto à pista de atletismo: desde fevereiro, 103 árvores foram removidas do Maracanã Foto: Divulgação

De acordo com a Secretaria de Obras, as intervenções já estavam previstas na planta do projeto do novo estádio.

A secretaria informa ainda que o replantio está sendo avaliado e é de responsabilidade do Consórcio, que tem a obrigação da “medida compensatória” em até 90 dias – como diz a resolução municipal de Meio Ambiente.

A contrapartida pode ser feitas de várias formas. Desde a doação de mudas até mesmo a restauração de algum equipamento de uso público.

Quando há replantio, normalmente a Fundação Parques e Jardins é quem orienta ou faz o próprio serviço.

Até agora, a fundação não foi procurada para reimplantação das árvores derrubadas no Maracanã.

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