PATRIMÔNIO CULTURAL: queremos pagar seu preço?

1. Quanto vale o patrimônio cultural de um povo?
Será que ele existe mesmo, ou seria uma invenção de um grupo de pessoas descoladas da realidade do dia a dia?
 
2. Em face do constante discurso desenvolvimentista, posto como a salvação do bem estar da população, é sempre difícil falar em preservação do patrimônio cultural. E, ao contrário do discurso, a pressão pela continuidade deste modelo “desenvolvimentista”, em cima do patrimônio cultural e ambiental, fica sempre maior.

 
3. O modelo “desenvolvimentista” consagrado no século XX é incompleto, pois se baseia na antropofagia deste patrimônio coletivo. Isto porque o aumento do patrimônio econômico se deu por meio de um canibalismo patrimonial, cultural e ambiental. Este foi o modelo de crescimento da humanidade durante milênios, que pouco se preocupou com o que se destruía do patrimônio cultural, e consumia da natureza para alimentar o seu crescimento. E o surpreendente desenvolvimento tecnológico das últimas décadas tornou este aniquilamento exponencial.
4.  Destruir o que construímos, e que é o nosso patrimônio cultural, ou destruir a terra em que vivemos, é destruir a nós mesmos; por isto chamamos isto de antropofagia cultural. Mas estar convencido disto é outra história.
Como mudar uma cultura “desenvolvimentista” milenar? É quase que se convencer, outra vez, de que a Terra não é o centro do universo. Voltamos à mesma questão da espiral social, mas em outra escala.
5.  A enorme vitória social e jurídica do século XIX foi extirpar a escravidão formal – prática também milenar – da cultura, e do ordenamento jurídico da sociedade mundial. A batalha social, e cultural, – e, por consequência, jurídica também – do século XXI, (e talvez do século XXII, se chegarmos lá), será a de protegermos e socializarmos o pertencimento do patrimônio cultural e ambiental de cada país, e da Terra.
6.  Se este for o caminho, uma escolha da sociedade – ou de parte dela- , sua legislação e o seu regime jurídico terão que refletir esta opção. Fácil não é, como nunca foi, aliás, as verdadeiras conquistas sociais da humanidade, já que elas requereram, sempre, o desapego individualista, e ir além do nosso próprio jardim.

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