Cidades e Mudanças Climáticas

A professora e cientista Suzana Kahn publicou no último dia 11, no jornal “O Globo”, um precioso artigo sobre a estreita relação entre as mudanças climáticas e o urbanismo.

Preocupada, como todos os demais cientistas, com o aquecimento global que atingirá o futuro da humanidade caso providências inteligentes deixem de ser tomadas, a professora destaca o papel das cidades neste contexto.

Em determinado momento do artigo é mencionado a questão da responsabilidade dos prefeitos, por suas escolhas, tendo em vista o longo prazo de duração das infraestruturas urbanas que eles resolvem ou não construir: transporte público, saneamento e abastecimento. Ou seja, o planejamento de instalação de obras básicas de serviços públicos está ligado ao futuro não só da qualidade de vida nas cidades, mas também da sobrevivência de parte de sua população.

Destacamos que essas obras básicas de serviços públicos não podem vir a reboque de uma densificação sem planejamento. O que acontecerá, por exemplo, daqui a 25 anos na área do Porto do Rio, onde estão sendo planejados prédios de até 50 pavimentos? E na península de Jacarepaguá – no futuro, (e que será ex) Parque Olímpico, onde centenas de prédios terão em média 22 pavimentos à beira da assoreada e poluída lagoa?  Será este o legado urbano olímpico?

Portanto, não é só o planejamento das obras de serviços públicos que é importante, mas também o planejamento da ocupação e do uso do solo na cidade. Mais denso ou menos denso, e para quem ele está sendo destinado.

Mas a pergunta que não quer se calar é: podemos deixar isso na decisão de um só homem/mulher, eleito a cada quatro anos?  

Parece que ainda se pensa que a democratização das eleições teria nos induzido a admitir que é o prefeito eleito quem manda em tudo, como um rei, a cada gestão ! Mas, racionalmente, isso seria dramático para as cidades e para nossa sobrevivência urbana.

Há muitas cidades no mundo que já superam o mandonismo dos eleitos e, para proveito do coletivo, aprenderam que é o planejamento de longo prazo, e mais ou menos imune dos processos eleitorais, que pode garantir qualidade de vida para mais gente.

Espero que, no caso do Rio, onde as opções estão sendo feitas com prazo-foco em 2016, ainda tenhamos salvação !

Leiam também:

“Rio de Janeiro: vulnerabilidades aos Impactos das Mudanças Climáticas”

“Lixo: nossa responsabilidade”

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