Câmara do Rio: eu me envergonho e muito !

Assistimos nesta terça-feira, dia 1, a um dos mais degradantes episódios de submissão de decisão parlamentar à vontade do Poder Executivo, através da aprovação do Plano de Cargos e Salários dos profissionais da Educação, contra a vontade de seus funcionários e sem qualquer discussão com a sociedade civil.

Uma votação feita sob regime de urgência e a portas fechadas pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar do Plenário da Câmara de Vereadores!  Nada pior poderia ficar registrado nos anais da história da Casa Parlamentar e da Educação no Rio. 

Lá dentro, 36 vereadores da base do prefeito, absolutamente fiéis não ao que acreditam como valores educacionais, mas ao que creem como lógica política. Ou seja, a troca constante de favores e benesses em seus bairros – não diretamente “mensalões, – mas empregos, cargos, asfaltos, licenças, internações, obras, entre outros. Enfim, verdadeiros xerifes das áreas.

Em algum momento sentiu-se neles qualquer preocupação, ainda que vaga ou genérica, de que talvez fosse prudente e necessário ouvir as pessoas para  poder debater esse importante Plano de Cargos de Salários dos professores e dos profissionais da Educação que cuidam por décadas de mais de 750 mil crianças do nosso Município e que comprometem o nosso futuro no mínimo pelos próximos vinte anos?

Estavam eles preocupados em saber o que se tinha a dizer a respeito das proposta dos membros do Conselho Municipal de Educação? Por algum momento seu estes foram ouvidos pelos vereadores?

E os notáveis do Conselho da Cidade foram ouvidos?  Ou os notáveis também nada tinham a dizer sobre esta questão “menor”, que é o Plano de Cargos e Salários a Educação?

Por que nem os vereadores, nem mesmo os membros das Comissões de Educação, fizeram audiência pública para escutá-los?  Por que não ouviram os inúmeros e excelentes especialistas em Educação que desenvolvem, há anos, magníficos trabalhos na cidade do Rio de Janeiro?

Plano de Carreira do pessoal da Educação na Cidade do Rio não é, definitivamente, assunto nem de palpiteiro, de novato ou de twitteiro. Não temos mais tempo a perder neste assunto. Não basta somente a informação maniqueísta do que diz o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação em confronto do que diz o prefeito ou a sua secretária.

Queremos o debate com os pais, professores, pedagogos, alunos e técnicos. Uma politica de estado na educação básica no Rio que atraia jovens para esta profissão, que exige sempre uma doação espiritual e social.

Por isso, digo e repito, me envergonho do que vi acontecer no Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, com professores da rede publica apanhando da polícia do lado de fora na rua e vereadores escarrapachados em suas cadeiras, com ares de absoluta indiferença, “cumprindo o determinado”.

Hoje, o Rio não amanheceu como sendo a nossa Cidade Maravilhosa. Mas, esta história ainda não chegou ao seu final, definitivamente, pois quem faz a Cidade ser maravilhosa somos nós e não eles…

 Confira como votaram os vereadores:

Votaram SIM os vereadores Alexandre Isquierdo, Átila A. Nunes, Carlos Bolsonaro, Chiquinho Brazão, Dr. Carlos Eduardo, Dr. Eduardo Moura, Dr. Gilberto, Dr. Jairinho, Dr. João Ricardo, Dr. Jorge Manaia, Edson Zanata, Eduardão, Eliseu Kessler, Elton Babú, Guaraná, Jimmy Pereira, João Mendes de Jesus, Jorge Braz, Jorginho da S.O.S, Junior da Lucinha, Laura Carneiro, Leila do Flamengo, Luiz Carlos Ramos, Marcelino D’Almeida, Marcelo Arar, Paulo Messina, Prof. Uoston, Rafael Aloísio Freitas, Renato Moura, Rosa Fernandes, S. Ferraz, Tânia Bastos, Thiago K. Ribeiro, Vera Lins, Willian Coelho e Zico.

Votaram NÃO os vereadores Carlo Caiado, Cesar Maia e Tio Carlos.

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3 Resultados

  1. “Aos amigos, todos os favorecimentos, aos inimigos, a lei.” Maquiavel

    Doutora Sonia Rabello,
    Não estamos mais na Idade Média, em que o absolutismo monárquico mandava sacrificar todos os oponentes.
    Também não estamos sob um regime socialista cubano e seu paredón.
    Se a votação foi irregular, sem as devidas consultas e debates, ela deve ser anulada judicialmente, ou não estará de acordo com um Estado Democrático de Direito, como julgamos ainda existir.
    Onde está a justiça, para coibir o absolutismo desses interesseiros?
    Se aceitarmos sempre a falcatrua de maus governantes, apesar de evidente para toda a sociedade razoavelmente esclarecida, estaremos aceitando a canga, a viseira e o título de idiotas que nos querem fazer engolir.
    As evidências de malversação da “res publica” são tantas que chego a acreditar que a justiça funciona ao bel prazer desta corja inútil ao povo.
    Ensino e educação ZERO são consequências, mas a causa está no desrespeito às leis e abuso de poder, por incompetentes, completamente alheios aos interesses do povo, sem que haja contestação judicial.

  2. Prezada Sônia, assino embaixo a sua manifestação de indignação com a aprovação vergonhosa do Plano de Cargos dos professores que ocorreu na Câmara de Vereadores. Nosso país está longe de ter conquistado uma democracia plena. Não há independência do Poder Legislativo ao Poder Executivo. A questão social virou de novo caso de polícia. E, paralelo a tudo isso, bilhões são gastos com as obras da Copa e das Olimpíadas. Lamentável. Forte abraço

  3. Nome*cecilia disse:

    Sonia, quero mesmo acreditar que essa história não chegou ao seu final…

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