“O Monstro do Lagoon”

Confiram a carta de um frequentador do Estádio de Remo a respeito da publicação do jornal “O Globo”, na qual ratifica-se, como tem sido feito, erroneamente, há muito tempo, a subtração do estádio pelo Espaço Lagoon da Glen Entertainment. Além disso, o leitor relata mais um dos absurdos da empresa no local.

“Prezado Lauro Neto,

Antes de tudo, gostaríamos de agradecer a notícia publicada hoje no caderno de Esportes de O Globo, pág.6, sobre a 1ª Regata do Campeonato Estadual de Remo. Diante da expectativa das Olimpíadas 2016, o apoio da imprensa é fundamental para atrair novos atletas e público. Entretanto, se possível, gostaríamos de solicitar a esse digno veículo que retificasse o texto onde se lê `os torcedores saíram debaixo da cobertura do Espaço Lagoon para apoiar a chegada dos barcos…´

Embora O Globo tenha conhecimento de que aquele `espaço´ na verdade é o ESTÁDIO DE REMO acreditamos que sua redação foi um equívoco compreensível por que a empresa Glen Entertainment / Lagoon, está subtraindo todo o espaço destinado ao remo(*) em ação questionada pelo Ministério Público. Ou seja, até que a Justiça do Brasil determine o contrário, o correto é dizer: “os torcedores saíram debaixo da cobertura do ESTÁDIO DE REMO para apoiar a chegada dos barcos…”

Entendemos sua falha, afinal até um simples motorista de táxi não consegue mais identificar o nome do ESTÁDIO DE REMO na fachada, por que eles retiraram e substituíram por Lagoon! Infelizmente, parece que a Glen Entertainment / Lagoon está tomando providências junto a Prefeitura e outros órgãos para acabar de vez com a imagem do ESTÁDIO DE REMO. Entre tantos absurdos, colocaram letreiros luminosos divulgando filmes, restaurantes e outros eventos comerciais do shopping. Providenciaram placas de trânsito chamando para o Lagoon, fazem campanha publicitária afirmando o nome Lagoon no lugar do ESTÁDIO DE REMO. Como nossos governantes são capazes de gastar bilhões em nome das Olimpíadas 2016, mas são incapazes de honrar a manutenção de um simples Estádio de Remo, ficamos à mercê dessa privataria.

Enfim, gostaríamos que os jornalistas de O Globo, que sempre demonstraram dignidade e, queira Deus, ainda não tenham sido alvos das providências da Glen Entertainment / Lagoon, permitam a retificação da matéria publicada hoje.

Certo de sua consideração e compreensão, desde já agradecemos suas providências.

Atenciosamente,

Carlos Martins”

(*) A propósito, segue mensagem sobre mais um dos absurdos da Glen Entertainment / Lagoon. Poderia ser uma boa pauta para Esportes, Meio Ambiente, Política, Educação, Economia, Rio etc.

O Monstro do Lagoon

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Reza a lenda que existe um monstro nas águas do lago Ness, nas Terras Altas da Escócia. A sua existência (ou não) continua a suscitar debate entre quem duvida e os crentes. O governo da Escócia declarou que o monstro não existe, embora a lenda seja um dos motores da indústria de turismo do lago.

No Brasil também surgiu em março um monstro fomentando o turismo na lagoa Rodrigo de Freitas: um barracão gigantesco erguido pela HEINEKEN / GLEN em cima das garagens de barcos, no espaço que restou aos clubes de remo no local.

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Para evitar que o vento carregasse aquela monstruosidade, que agride a paisagem e ofende a postura municipal no entorno da lagoa, colocaram imensos blocos em frente aos boxes dos clubes de remo, impedindo a movimentação dos barcos e colocando em risco os atletas e a lagoa, pois são embalagens cheias de um líquido estranho (água suja? agrotóxico?). No rótulo desses containers o aviso manda ter muito cuidado com o conteúdo. Seja o que for, não é água limpa.

Entramos em contato com a HEINEKEN na Europa, patrocinadora responsável do evento (UEFA?), mas merecemos apenas respostas evasivas de funcionários no Brasil, até que acabe o evento e o abuso caia no esquecimento. Será que eles fariam o mesmo na Alemanha? Duvido.

De verdade, não é de hoje que a Glen Entertainment comete os maiores abusos contra o remo. Só de estacionamento, para entrar no ex-Estádio de Remo, um atleta terá de pagar cerca de 30 reais por dia, se treinar de manhã e de tarde. Por mês são 900 reais, cerca de 10 mil reais por ano. Muito mais que uma bolsa atleta permite.

Por outro lado, se contarmos o espaço ocupado por aquele barracão monstruoso e todos os trambolhos químicos colocados na área que restou ao remo, podemos contar dezenas de vagas de estacionamento. Quanto o remo ganhou com isso? Advinha quem ficou com a dinheirama? Acertou quem disse que não foi o remo! Mesmo que pagassem, não cobre o dano à imagem do remo, que serviu de reles apoio para um evento regado à cerveja (álcool? drogas?). Engana-se quem pensa que, diante dessa má imagem, clubes ou atletas podem bater na porta de grandes empresas pedindo verbas de patrocínio.

O resultado está aí: regatas de remo vazias de público e bons patrocinadores.

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