BNDES ajuda a enterrar o patrimônio cultural no Rio

Acabou de ser aprovado, na tarde desta terça-feira, dia 26,  pelos novos vereadores do Rio, o projeto de lei 31/2009 que, a pedido do BNDES , lhe concede o favor de “furar” o gabarito estabelecido para área do Corredor Cultural para a construção de mais um novo prédio daquele rico banco público deste país de pobres.

Deve ser vergonhoso para o Governo Federal publicar, hoje, que está destinando às áreas serranas – onde morreram mais de 30 pessoas carentes e  centenas de estão desabrigados- somente R$ 12 milhões, e continua a bancar o pedido de ver aprovado, pelos vereadores da base do governo, o projeto do anexo do BNDES que, no ano passado, tinha seus custos básicos na ordem de R$ 100 milhões ! Isso, fora a compra do terreno da ordem religiosa, e os custos da contrapartida pela obra especial, que pagará ao município (emenda 4).

convento1Durante o nosso mandato na Câmara, no período de 2010/2011, fizemos inúmeros discursos no plenário contra este projeto que atenta contra as regras gerais de preservação do patrimônio cultural na Cidade. 

Em várias sessões conseguimos obstruir, ou retirar, a votação da pauta.  Hoje, infelizmente, sem qualquer palavra em contrário, o projeto, ou melhor, o patrimônio cultural da cidade, mais uma vez, sucumbiu.

Pena que os atuais vereadores, tão ciosos em fazer leis específicas tombando um ou outro monumento, ou prédio, uma ou outra árvore,  uma ou outra praça, uma ou outra APAC, foram incapazes de lutar, discursar, falar, espernear contra mais um projeto que fura as leis gerais de proteção do patrimônio cultural na Cidade.

Pena também que, à semelhança do rico prédio que o Banco Central está construindo no Porto, com destruição de ruínas arqueológicas da Cidade, e também fazendo uso das mesmas exceções urbanísticas, este novo rico prédio do BNDES vá ser feito com o dinheiro público do contribuinte, retirado dos pobres desabrigados, sem moradias e que recebem, muitas vezes contentes, as migalhas, as sobras dos milhões destinados às empreiteiras das obras públicas desnecessárias ou não prioritárias.

Pobre país rico!

Confira, no leia + os vereadores que votaram favorável ao projeto que dá ao BNDES um gabarito de 42 metros no lugar onde o gabarito era de 12 metros!

1. retirado do link da CMRJ

“O SR. PRESIDENTE (PAULO MESSINA) – Esta encerrada a votação nominal.

(Procedida a votação nominal, constata-se que votaram SIM os Senhores Vereadores Alexandre Isquierdo, Carlos Bolsonaro, Dr. Carlos Eduardo, Dr. Eduardo Moura, Dr. Jairinho, Dr. João Ricardo, Dr. Jorge Manaia, Edson Zanata, Eduardão, Eliseu Kessler, Elton Babú, Guaraná, João Mendes de Jesus, Jorginho da S.O.S, Junior da Lucinha, Laura Carneiro, Leila do Flamengo, Leonel Brizola Neto, Luiz Carlos Ramos, Marcelo Arar, Marcelo Piuí, Marcelo Queiroz, Paulo Messina, Prof. Uoston, Rafael Aloísio Freitas, Renato Moura, Rosa Fernandes, S. Ferraz, Tânia Bastos, Thiago K. Ribeiro, Tio Carlos, Veronica Costa, Zico e Willian Coelho (trinta e cinco), e que votaram NÃO os Senhores Vereadores Eliomar Coelho, Jefferson Moura, Marcio Garcia, Paulo Pinheiro e Renato Cinco (cinco). Presentes e votando quarenta Senhores Vereadores)

(Durante o processo de votação assume a Presidência a Vereadora Laura Carneiro, 2º Suplente)

A SRA. PRESIDENTE (LAURA CARNEIRO) – Presentes e votando 40 Srs. Vereadores. Votaram SIM 35 e NÃO 05 Srs. Vereadores.

O projeto está aprovado e segue à Redação Final.”

2. Veja os links de nossas publicações anteriores sobre o assunto:

“Cidadãos do Rio são desiguais em Direitos?”

“BNDES: por que o banco pede privilégio urbanístico ?”

“O belo e a fera: contradições governamentais no Rio”

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2 Resultados

  1. Vânia disse:

    Não vou defender a construção do prédio, mas o seu texto foi no mínimo demagógico.
    Ainda prefiro que 100 milhões sejam gastos para um novo prédio do que 250 milhões sejam gastos pelo aluguel (atual!) de andares inteiros em outros prédios. Além do mais essa história de corredor cultural é patética, uma vez que diversos prédios ali estão literalmente desabando na cabeça das pessoas ou pegando fogo em função das péssimas instalações elétricas. Prefiro prédios novos que não desabarão na minha cabeça e manterão ao menos uma calçada descente.

  2. Muito legal, por seus conhecimentos da “estrutura interna da coisa”, manter-nos bem informados!
    Obrigadão!

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