Saqueando o Rio, institucionalmente…

A aprovação do PLC 113/2012, com as emendas de vereadores apresentadas na última hora da votação na sessão de ontem na Câmara do Rio, representa uma das piores grilagens institucionais de recursos fundiários da Cidade.

Tudo começou com a mensagem enviada à Câmara pelo Executivo, pós-eleição evidentemente, e cujo conteúdo já foi discutido neste blog e nas inúmeras manifestações e discursos que fiz no plenário da Câmara.

E, já que o prefeito deu ensejo à proposta de saqueio da área ambiental de Marapendi e de entrega de mais densificação para o consórcio de empreiteiras na península do ex-autódromo, por que não aprofundar a “raspa do tacho” fundiário público pelos vereadores? E assim foi feito.

O vereador Jorge Pereira em seu discurso de justificativa de aprofundamento das benesses aos empresários, chegou a dizer que a Prefeitura não sabia negociar, pois nenhum empresário iria construir nada só por aquilo que a Prefeitura estava propondo dar.

O projeto foi aprovado, com as benesses fundiárias – terras públicas e muitos, muitos índices construtivos – pelo voto de 30 vereadores a favor  e apenas 10 contra.  E muitas abstenções de vereadores que não apareceram em plenário nem para votar, muito menos para se manifestar ou discutir o assunto. Tipo “sumi por um instante”…

PL 113/2012 – 2ª votação

Enquanto isso, iludidos por promessas de se votar projetos de lei de tombamento da futura ex-Escola Friedenreich e do futuro ex-prédio do Museu do Índio, centenas de jovens e cidadãos protestavam insistentemente nas galerias do plenário.  Ficaram lá das 14 hs às 23 hs, quando terminou a sessão, e ao sair desiludidos, pois nenhum dos projetos de proteção do patrimônio educacional e cultural foi votado, encontraram vereadores nos bares, fora da Câmara,  bebendo tranquilamente seus chopinhos de final de sessão.

Afinal, mais uma vez, tal como já foi feito milhares de vezes, a construção legislativa que legitima a grilagem institucional de recursos fundiários públicos  do Rio foi concluída com sucesso.  E, provavelmente, suas consequências, que só começarão a aparecer daqui a três a dez anos, não terão qualquer impacto em relação aos seus responsáveis políticos. Ou terá?

Leia mais sobre a questão do PL 113/2012:

“Crime ambiental”

“Semana na Câmara: urbanismo e meio ambiente”

“Marapendi: uma luta de meio século”

“Em defesa da APA”

Você pode gostar...

6 Resultados

  1. Nadia Maria disse:

    Muito bom Sonia! Obrigada por ver a clareza da coisa como ela vem acontecendo. Pena que eles não saibam o que acontece naquele espaço ou seja: A Aldeia Maracanã. Trabalhos ali são feitos sempre. São trabalhos riquíssimos. Quem frequenta, sabe a importância e conhece também a lei 11.645/08 que está sendo aplicada a todo momento.

  2. Cristina Reis disse:

    Eu vi a catástrofe se desenrolando até às 23:00 horas. Na verdade o fim do mundo, se realizou um dia antes, dentro da Câmara Municipal da Cidade do Rio de Janeiro.
    O mais estranho foi a falta de presença dos vereadores Roberto Monteiro (PCdoB) e do Messina (PV), acredito, talvez que tenha sido uma estratégia deles para não se comprometerem. Mas como diz o ditado “Quem cala, consente”
    Depois, já no final da sessão aparece o vereador Paulo Messina, lindo, fagueiro e de cara limpa para presidir e substituir o VEREADOR CIGANO Jorge Felipe, que coloco como crédito ao seu cansaço da tão árdua função e tarefa de dizer. “NÃO APROVADO, VAI PARA O ARQUIVO”.
    Vereadora, vi o depoimento sofrido do Eliomar Coelho, em que questionava, o título de professor ao Vereador UÓSTON, e acho que temos questionar de onde vem os votos dele e por que razão, os diretores e os docentes de escolas e colégios públicos votam nele. Pois, o que vejo em que a maiorias das escolas não existem mais os Diretórios Acadêmico Estudantis – os DCE´s funcionando, a perpetuação no poder de alguns diretores, a falta dos conselhos e de reuniões de classe com os pais, mães e estudantes.
    Parabenizo, especialmente, a senhora, Vereadora Sonia Rabello (PV), a Vereadora Andréa Gouveia (PSDB) e Vereador Eliomar Coelho (PSOL) por terem sido aguerridos e incansáveis na defesa do interesse da população carioca.. Se considerem como os 200 DE ESPARTA.

  3. Doutora Sônia Rabello,
    Será que não há lei que impeça a uma corja comprada de votar a favor de um saque ambiental dessas dimensões?
    Como se vota algo ao arrepio das leis vigentes?
    Sugiro que a justiça se pronuncie e cancele o que foi votado.
    Dos três poderes constituídos no Brasil, somente o poder judiciário tem alguma chance de salvar a honra do Brasil.

  4. As falcatruas e patifarias que estão sendo perpetradas contra o Erário Público não foram expostas na campanha como propostas de governo, como tal, podemos afirmar sem margem para erro que o Prefeito Eduardo Paes ludibria a população e pratica estelionato eleitoral. Lamentamos que nosso partido não venha a dispor do seu mandato, da sua fibra ética e da atuação transparente e dignificante com que exerce o seu papel no legislativo. Parabéns pelo seu trabalho, pelo exemplo de compromisso e atuação parlamentar.

  5. Infelizmente uma Camara de Vereadores que temos a maioria da bancada a favor do Prefeito, onde maioria desta camará desconhece as leis é sim o seu interece proprio, onde poder fazer uma minoria que tem pleno conhecimento do que é lei, quem é culpado desta situação são os eleitores, Veja o absurdo deixamos, uma vereadora Sonia Rabelo, de fora uma capacidade dos conhecimentos sobre as leis que protege,O municipio do Rio de Janeiro é não ao capricho do Prefeito.

  6. Fábio disse:

    Não acredito mais no modelo de governo ( Executivo, Legislativo e Judiciário ) da forma que está.
    É preciso acabar com a política partidária no Brasil e implantar a sociedade representativa por categorias.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

pt_BRPortuguese
pt_BRPortuguese