Dia do professor: o nobre ofício de educar

Hoje, Dia do Professor, deveria ser uma data de congratulações a todos aqueles que são responsáveis por grande parte da socialização dos cidadãos. Entretanto, após anos de lutas, os profissionais ainda têm muito pouco a comemorar.

Problemas antigos que se repetem a cada gestão governamental, incluindo o baixo investimento na Educação, a ausência de políticas públicas e de diálogo nas negociações, promessas não cumpridas e restritas aos discursos eleitorais, a falta de discussão sobre a pauta pedagógica, a realidade das escolas e creches por todo o país e outras tantas demandas que não deram aos nossos educadores a devida importância no tecido social.

Como bem disse a escritora Cora Rónai, um país que trata os seus professores a cacetadas, balas de borracha e spray de pimenta, é um país que despreza o seu futuro. E qual o futuro que queremos não somente para os nossos profissionais de ensino, mas também para os milhares de alunos desta e das próximas gerações ?

Valorizar os nossos professores é o primeiro passo na criação de uma “cultura da educação”. Para isso, é preciso o debate conjunto para que tenhamos uma politica de estado na Educação que atraia jovens para esta profissão, que exige sempre uma doação espiritual e social. Quem sabe assim poderemos de peito aberto dizer, de fato, parabéns, professor, por este dia !

O dom de desenvolver com os alunos, em um processo incansável, a capacidade de compreender, assimilar a importância de palavras como direitos, deveres, organização social, princípios democráticos, representatividade, solidariedade, entre tantos outros, é algo que deve ser sempre valorizado e não subestimado como vemos ainda nos dias de hoje.

E, postos de lado, atos pontuais, podemos dizer que a sociedade já está atenta para essa necessidade primordial de substituir a simples indignação submissa pela mudança real, debatida e construída de forma conjunta.

Por fim, finalizo esta homenagem com um pequeno trecho do relato de uma guerreira do ensino público no Rio, que a exemplo de tantos outros educadores, doa-se diariamente ao seu nobre ofício de educar:

“Nesses anos de magistério, com muita dor, perdi alguns alunos para o tráfico. O que me fez aprender que a escola não dá conta de todas as tarefas a ela atribuída. Muitos alunos, encontro pelas ruas do bairro já com suas famílias, trabalhando em diversas profissões. Uma parte significativa acumula o trabalho e a busca pela formação universitária em Biologia, História, Serviço Social, entre outros.

Nesse tempo, pude numa mesma escola dar aulas à famílias inteiras: aos pais e depois aos filhos, a netos e avós. Sinto-me respeitada por eles que compreendem a minha função e aquilo que representa o meu trabalho para a sociedade. Com eles aprendi inúmeras e valiosas lições.

A diversidade me intima ao exercício constante de respeito e de buscas pela compreensão desses outros que possuem histórias de vida singulares, formas de aprendizagens múltiplas e saberes acumulados que preciso constantemente por em diálogo com as minhas histórias de vida e formação.”

Aos mestres que labutam anos a fio, ensinando os filhos desse país a lerem além das palavras, escreverem com autoria, expressarem-se através da arte, entre muitos outros saberes, o nosso reconhecimento.

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