Saúde no Rio: faltam leitos, mas hospitais são fechados!

Vejam os fatos e tirem sua conclusões sobre a competência na administração das políticas de Saúde:
 
1.  Noticiado, hoje, 28 de março, o descalabro no atendimento hospitalar no Hospital do Andaraí (federal), constatado na inspeção feita pelo Sindicato dos Médicos e pela Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores.  Superlotação é a causa.

 
2.  Fechado, em janeiro de 2012, o Hospital Estadual de Anchieta, no Caju.  Pessoal de Saúde desse hospital foi dispensado e aconselhado a procurar outro local de trabalho.

3.  Fechado, em 2008 , o Hospital de Infectologia de São Sebastião, também no Cajú, referência nacional no tratamento de doenças infectocontagiosas. O prédio é histórico, da época do Império, e está em estado de deterioração, esperando ruir para, provavelmente, ter justificada a cessão de seu terreno a uma nova “parceria público-privada“, codinome atualmente atribuído aos contratos de privatização de serviços públicos.

4. Todo o departamento de infectologia do Hospital de São Sebastião foi transferido para o Hospital do IASERJ, que funciona no Centro da Cidade.  Mas,há mais de cinco anos, o Governo do Estado realiza, insistentemente, todas as tramitações administrativas para fechar o hospital central do IASERJ. 

Iaserj

Só não o fez até agora por ter sua pretensão obstaculizada por órgãos federais de controle. No IASERJ há, no mínimo, 150 leitos vagos em áreas fechadas que poderiam, de imediato, atender às superlotações de outros hospitais do Rio. (vejam aqui (1) e (2) nossos posts a respeito).

5. Também, no Centro do Rio, o Hospital São Francisco de Assis cai, literalmente, aos pedaços. Seu prédio histórico, também da época do Império, não consegue ser recuperado pelas três instituições diretamente responsáveis: UFRJ, IPHAN, Ministério da Saúde.  Nem pela Prefeitura do Rio, cuja sede fica ao lado do hospital. 

O prefeito da Cidade pode contemplar, todos os dias, pela janela do seu gabinete, árvores crescendo no telhado do prédio!  Felizmente, este hospital está fora da rota de fechamento, por enquanto, já que lá funciona, por iniciativa de seu corpo técnico, importantes serviços de saúde:  

Programas de Atenção Básica de Saúde, Programa de Saúde da Família (PSF), Programa de Saúde da Mulher (PSM), e, para reforçá-los, uma Pós-Graduação / Residência Multiprofissional ligada a estes programas (hoje, no 2º ano, com mais de 30 residentes) em atividade”.(veja tb as várias postagens no nosso blog)

6.  Na Audiência Pública na Câmara dos Vereadores, no Fórum de Tuberculose, em 22/3, foi denunciado que não há leitos para internação dos doentes de tuberculose, especialmente aqueles graves com HIV-AIDs. Vejam o que disse o Dr. Alexandre Milagres naquela audiência:

 

” Hoje,  o Hospital de Curicica, Hospital de Santa Maria e o Hospital Instituto de Doenças do Tórax Ari Barreros, que são as três unidades do Estado do Rio de Janeiro, não possuem sequer um leito de terapia intensiva, para que um paciente, cujo estado venha a se tornar grave, ou sendo recebido em estado grave, possa ser abrigado. Eu posso garantir que é muito difícil internar paciente no Rio de Janeiro hoje.  Sobretudo, em estado grave (…) 
 

Sobre a central de internações:

“Chegávamos (…) ao plantão e encontrávamos de 200 a 300 solicitações de internações  para terapia intensiva, e saíamos do plantão com 290 solicitações de terapia intensiva. Se os pacientes têm infecção TB/HIV, essa dificuldade multiplica, quintuplica, pois não temos serviços estabelecidos para que cuidem da infecção de TB HIV. ” 

 
Enfim, parece que estamos no caos de atendimento de saúde pública. Mas os mortos ainda não falam!  A quem recorrer?  Ao Ministério Público?  A uma efetiva decisão judicial?
 
E caminhamos, impávidos, com enormes investimentos para estádios e obras voluptuárias para a Copa!  E discutindo se liberamos, ou não, bebida nos estádios !

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3 Resultados

  1. celestehug. disse:

    Hospital São Francisco De Assis, está na minha memória… andava pelos corredores,lembro das formas em arcos internas, nos últimos anos da déc. de 70 funcionava um ótimo setor de oftalmologia, lá pude colocar um primeira lente de contato, objeto raro e caro para época…
    Apoiamos a sua luta!

  2. Tatiana Maria disse:

    Vereadora,
    conheço vários desses hospitais. Denunciei à imprensa e ao Ministério Público a situação de alguns deles. O que sinto é que esperam que tudo caia e alguém se machuque para que tomem alguma atitude sobre a manutenção dos prédios. Ou então, fecharão tudo e quem quiser ser atendido terá de recorrer ao sistema de saúde privado.

  3. Sergius disse:

    Doutora Sônia Rabello,
    A Saúde Pública está completamente degradada e já pode ser chamada de Doença Pública.
    Nem mesmo esta Doença Pública encontraria vaga em leitos; mesmo que conseguisse, por intermédio de algum “pistolão”, já não adiantaria, pois sua enfermidade está alastrada por todas as secretarias e ministérios do Brasil, se chama corrupção e ninguém deseja a sua cura, enquanto não tiverem sugado o último centavo de dinheiro público.
    Todos os dirigentes se empenham em fazer obras, por motivos óbvios, mas nunca há interesse em mantê-las, se não se transformarem em fonte de arrecadação de dinheiro de subornos, para os milhares de máfias que estão sempre esperando o dinheiro fácil, como o filhote de passarinho aguarda por sua mãe.
    Portanto, esse caos não é exclusividade da Prefeitura do Rio de Janeiro.
    Uma outra prefeitura, dentro da cidade do Rio de Janeiro, que também é uma vergonha pelos mesmos motivos, é a Prefeitura da UFRJ.
    Desde a inauguração da Cidade Universitária, elaborada por Oscar Niemeyer e com jardins de Burle Marx, seus prédios nunca tiveram manutenção e os jardins viraram matagal. O último prédio a ser inaugurado foi o Hospital Universitário do Fundão, Escola de Medicina, Odontologia e Enfermagem, hoje um monstro decepado por uma implosão, também aguardando para virar entulho; exemplo de desperdício de patrimônio e do erário.
    O caos promovido pelos baixos valores pagos aos médicos pelos planos de saúde também promoveu a mesma metástase na saúde privada.
    Li a notícia de que o Juiz Federal e ex-deputado Flávio Dino perdeu seu filho de 10 anos, durante uma crise de asma em um hospital privado de Brasília, por negligência, imperícia ou imprudência, ou apenas OMISSÃO.
    Sem Judiciário e com o Poder Executivo funcionando como antro de apadrinhados surgidos das negociatas de apoio ao Governo Federal por criminosos da Câmara Federal e Senado, vivemos a Terra de Ninguém; solo fértil para a climatização da mitologia nórdica criar gerações cada vez mais opulentas: Odin, Odindin e agora Thor.

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