Fernandinha, Cine Leblon e o Olaria também

Na Vejinha desta semana, a artista Fernanda Torres lamenta o fechamento do Cine Leblon, dizendo: “Devia existir um decreto para impedir que, ao crescerem, as cidades deixem de ser o que são”. Ora, existe sim.  Não só um decreto, mas leis e até Constituição Federal. Leis é o que não faltam. Veja o que diz a LOM (Lei Orgânica do Município de Rio de Janeiro – 1990):

“art.140 – Entende-se por: I – Sítio Cultural – espaço da Cidade, de domínio público ou privado, que por suas características sócio-espaciais e por sua história constitua-se em relevante referência a respeito do modo de vida carioca, ou trate-se de local de significativas manifestações culturais, ou possua bens imateriais que contribuam para perpetuar sua memória”.  

Por isso mesmo é que o Cine Leblon está numa Área de Proteção do Ambiente Cultural (APAC).  

O Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) dará autorização para descaracterizar ?  Flexibilizar? Mudar as características de cinemas de bairros, inserindo-os dentro de um edifício comercial como tantos e tantos outros?  Qual o custo financeiro em face ao custo sócio-ambiental?

Em Olaria, tradicional bairro carioca tem, e não tem, a mesma sorte do Cine Leblon. É que aquele cinema espera há anos ser reconhecido como patrimônio cultural carioca. Seu processo tramita lentissimamente de gabinete em gabinete na Prefeitura desde 2006 (22/000.409/2006). Está, atualmente, sob exame no “instituto da humanidade” – o IRPH -, que ainda examina o cabimento de protegê-lo como patrimônio cultural! 

Quando se cumprirá a regra da Lei Orgânica também para Olaria?  E os recursos para reforma e recuperação do cinema?  Talvez nas vésperas das próximas eleições municipais?  Quiçá… 

Portanto, leis temos e muitas. E os legisladores sabem muito bem o quão teórica é a norma. O difícil é fazer com que as autoridades cumpram o pactuado na lei, ou que controlem, efetivamente, as autoridades que não a cumprem.

Aí a história é outra.  

Leia também:

Revitalização do Cine Olaria (requerimento enviado à Secretaria Municipal de Cultura (SMC) durante o mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro)

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1 Resultado

  1. Priscila disse:

    Pois é…, quiçá nas próximas eleições! Boa noite! É uma grande pena ver o cinema Olaria servindo de depósito e todo destruído pelo tempo e pela falta de conservação! Seria uma excelente notícia, se houvesse em breve a revitalização do cinema e seu pleno funcionamento, pois a região está totalmente preparada com acessibilidade em transportes ( trem, ônibus, transcarioca ) podendo, inclusive, contribuir para a melhora do comércio local, sendo, novamente, um point da Leopoldina, com bares, lojas, serviços de saúde, cursos etc, além de produzir empregos formais! Existem inúmeros imóveis comerciais fechados ou subutilizados e poderiam ser como outros bairros da Zona Sul, onde há abundante comércio em lojas. Quem nos dera que isso acontecesse! Os visitantes do Rio, poderiam ter nesse lugar um gostinho do subúrbio antigo! E para os moradores do Rio, seria um novo-antigo lugar de passeio com família, encontro de amigos e movimentação de pessoas, o que geraria segurança! É um sonho…., que infelizmente depende de vontade política!

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