Perimetral: o fim no Dia de Finados?

Acaso ou não, o prefeito do Rio anunciou nesta quarta-feira, dia 23, em coletiva no Centro de Operações, o fechamento definitivo do Elevado da Perimetral no próximo Dia de Finados, dia 2 de novembro.

Segundo informações, a demolição do elevado ocorrerá no dia 17 de novembro, contando é claro, com a “compreensão da população neste momento de turbulência no trânsito”.

Tudo isso, apesar dos questionamentos de diversos grupos da sociedade civil sobre a infeliz demolição, inconformados diante de uma mudança tão importante e radical, fruto de uma decisão tão sem responsabilidade pessoal.

Mas nada foi capaz de comover a firme e inabalável determinação de um único homem disposto ao “bota abaixo”.

Uma grande obra de engenharia: por que demolir ?

Como a história explica tudo, republicamos o fantástico depoimento do arquiteto Armando Abreu, ex-subsecretário de Obras e de Planejamento, que lembra à população carioca como e porque esta incrível obra de engenharia, que é o elevado da Perimetral, foi construída.

Ainda que não refresque a memória do poder público e o ajude a repensar as decisões “irreversíveis” que foram tomadas, vale o registro:

“Ilma Sra. Dra. Cristina Lodi

MD Superintendente do IPHAN no Rio de Janeiro

Em 1967, quando o Governo do Estado da Guanabara, através da SURSAN resolveu construir o prolongamento da Avenida Perimetral, além do trecho existente entre o Aterro do Flamengo até às imediações da Candelária, verificou-se que o Projeto à época previa um túnel a ser perfurado no Morro de São Bento.

Consultado o IPHAN, este negou essa possibilidade por falta de garantia de que não haveria abalos no Mosteiro de São Bento.

Depois de várias hipóteses de ligação entre a Praça XV de Novembro e a Praça Mauá, optou-se por um contorno ao Morro por cima do Distrito Naval.

Como eu participei, com sucesso, na remoção do Restaurante do Calabouço e dos Clubes Náuticos afim de permitir a execução do Trevo dos Estudantes e a urbanização de toda a área do Museu de Arte Moderna, obras que foram realizadas em apenas quatro meses, o Secretário de Obras, Raymundo de Paula Soares, me designou como uma espécie de negociador tendo a missão de convencer o Comandante do Distrito Naval, Almirante Jordão, a aceitar a passagem do elevado pela área daquele Distrito.

Quando tudo parecia que seria negado, ao receber uma resposta de que só haveria uma possibilidade de concordância: `só se o Ministro autorizar´.

Corri ao Secretário pedindo que conseguisse uma audiência com o Ministro Augusto Hamman Rademaker, que não só autorizou, como pediu que a obra fosse feita rapidamente.

O trecho da Praça Mauá é uma obra de estética admirável, com um vão central de 93 metros, o maior na época.

Gostaria de saber se agora o IPHAN já admite a perfuração no Morro do Mosteiro de São Bento para a execução de um túnel que ligará o mergulhão da Praça XV de Novembro ao mergulhão da Avenida Rodrigues Alves.

Atenciosamente

Armando Ivo de Carvalho Abreu

Arquiteto aposentado da Prefeitura da Cidade o Rio de Janeiro

Ex Subsecretário de Obras e de Planejamento.

Coordenador Executivo do PUB-RIO – Plano Urbanístico da Cidade do Rio de Janeiro.

Membro do Conselho Diretor da SEAERJ e Conselheiro do Conselho Consultivo do Centro Cultural da SEAERJ

Membro do Conselho Municipal de Política Urbana – COMPUR”

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3 Resultados

  1. Lamentável a falta de respeito com cidade. Sem a Perimetral a mobilidade urbana , que é caótica, só tende a piorar. E as vigas de aço especial, que valem milhões de reais, que foram roubadas? Merecemos que sejam cobradas as responsabilidades. Estou desolada, uma via projetada para durar centenas de anos, sem manutenção por mais de 30 anos, e ainda assim se mantém íntegra. Isso é um crime hediondo.

  2. Sonia gostaria de parabeniza-la pela sua luta pela perimetral .acho um absurdo colocar abaixo uma via tão importante para todos nós cariocas .GOSTARIA DE AJUDÁ-LA , MAS O QUE PODEMOS FAZER CONTRA ESSES CIDADÃOS QUE SÓ PENSAM EM COLOCAR SEUS NOMES GRAVADOS EM PLACAS DE BRONZE ´NAS OBRAS FARAONICAS QUE O POVO IRÁ PAGAR COM MAIS IMPOSTOS ,VEJA O CASO DOS IPTUS DE SÃO PAULO ?????!!!!!! Esse prefeito ? oque fazer com ele??????VOCE CONTINUA AQUELA LUTADORA DOS BANCOS DE FACULDADE ….BJS waleria

  3. Professora Sônia, hoje, 23 de outubro, estivemos no Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio, na Rua Evaristo da Veiga, para ouvir as explicações do eng°Newton Leão, da Secretaria Estadual de Transportes, e do arquiteto Renzo Bernardi, contratado pela prefeitura para elaborar os projetos da TransOeste (que apresentou vários problemas após construção) e os túneis do Porto Maravilha, meniconados acima pelo arquiteto Armando Ivo. O sr.Renzo informa na internet que também trabalhou na INVEPAR, consórcio de acionistas do metrôRio desde o acordo feito com o governador Cabral, em 2008. Participamos do evento moderado pela arquiteta Dayse Góis – que colaborou no protocolo de intenções para o COI: informamos o conteúdo da pág. 56 à pág.60 do Diário da Câmara Municipal do dia 21 de outubro próximo passado, referente à audiência pública de 17 de outubro sobre orçamento de transporte para 2014. Destacamos o percentual de 0,97% para transporte e 17,47 para urbanismo (obras) previstos no total de despesas de R$ 27 bi. Também comentamos o inocente ato falho do Secretário ao afirmar que o “hub” do terminal Alvorada será muito mais importante que o terminal do Jardim Oceânico, por receber “enorme quantidade de passageiros das diversas linhas alimentadoras do BRT da Barra da Tijuca”, oriundos da baixada de Jacarepaguá e adjacências. Ora, podemos concluir que, para esse enorme contingente de trabalhadores, que chegarem no Alvorada, não tentar prosseguir até o terminal do metrô no Jardim Oceânico é porque a grande maioria deve trabalhar no Barrashopping… e continuaremos vivendo de suposições as mais ingênuas, e permitindo que o centenário oligopólio rodoviário de que somos reféns continue nos submetendo à falta de opção de transporte, e nossos especialistas continuem apoiando projetos de governo… o sr. Newton declinou de dar sua opinião sobre o melhor modal para a Cidade agonizante, e o sr. Renzo afirmou que o elevado deve, sim, ser demolido e sugeriu falso conceito de segregação… Já o secretário Osório afirmou nos autos da audiência que essa demolição é meramente estética. A conferir.

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