Vila Autódromo: Prefeito dá a sua cartada política final !

Prefeito apresenta um “pequeno desenho” e diz que é plano urbanístico!

O capítulo da remoção de mais de quinhentas famílias da chamada “Vila Autódromo”, na Baixada de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, poderia ser um nódulo tormentoso na carreira política do prefeito Eduardo Paes.

Afinal, para quem namora com a “esquerda” no seu próprio governo, como justificar quase três anos de violência na remoção de moradores do local, noticiadas no Brasil e na imprensa internacional?

Nesta quarta-feira, dia 9, tudo ficou mais claro. O Diário Oficial do Município apresentou um “desenhinho” vergonhoso do local, com trinta “casitas” e a promessa de quadras de esporte e futuras escolas que, é claro, não terão nem tempo ou dinheiro para serem realizadas pelo governo do prefeito atual.

Um desenho escolar, chamado de “projeto de urbanização”, mas que pretende funcionar como água sanitária na sujeira da violência da política urbanística municipal.

Ora, é primário que 25 ou 30 casas da então Vila Autódromo-bairro, virou vilazinha mesmo – daquelas que um proprietário faz em seu terreno urbano! E, com isso é que o prefeito pretende, de agora por diante, demonstrar, especialmente para a comunidade internacional, como tudo foi democrático, pacífico e bom.  Não foi. Foi estratégico.

Vejamos:

A matéria publicada no site Oficial do Município só agora explica que a necessidade pública de terrenos para vias públicas e preservação ambiental seria de 275 casas das 824 que lá existiam em 2009. Portanto, só estas poderiam ser objeto de desapropriação.  E, desapropriando, não poderiam ser objeto de revenda, no futuro, para qualquer pessoa física ou jurídica privada.

Então, como desalojar mais de quinhentas famílias, sem desapropriar, já que muitas delas tinham títulos de direitos proprietários (concessão real de uso)?  

Resposta: Minando suas expectativas de que lá elas teriam futuro em algum projeto de urbanização, nunca antes apresentado oficialmente!  Afinal, porque uma família sairia de sua casa, naquele local, e ir para outro, se tivesse sido anunciado antes algum projeto público de urbanização?

Crédito: Yasuyoshi Chiba/AFP

A terra arrasada da retirada dos vizinhos, especialmente daqueles sem título, foi trazendo desesperança, desespero e a máxima do “salve-se quem puder”, antes que o último apagasse a luz, o que, evidentemente, já havia sido cortada no local.  

O “projeto urbanístico ” – E o político sabia disso. Não esclareceu antes porque não deveria ser criada qualquer expectativa ou dada nenhuma explicação de que quase dois terços das moradias não seriam necessárias para qualquer “utilidade pública”.

Mas agora, com 25 moradias no local, das 824 originais, aí apareceu o “projeto urbanístico” público!  E todas as terras das quais as famílias saíram, que foram simplesmente compradas pela Prefeitura e no qual estão planejadas as quadras, podem ser futuramente vendidas à particulares, pois não foram desapropriados!  

Quem vai cobrar isso? Afinal, a Prefeitura não vende sistematicamente seu patrimônio fundiário?

O Prefeito não está propondo, agora mesmo, a venda lotes enormes, frutos de doação naquela região, em troca de um dinheirinho?  

O caixa municipal está em seus estertores? O jeito é garantir a sobrevivência disfarçada até as eleições de 2016, tal como aconteceu com o Governo do Estado, parceiro da Prefeitura!  

Como dizia Cazuza, “Brasil, mostra a tua cara…”

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Na Mídia:

Vila Autódromo – Cruel progresso (O Globo – 09.03.2016)

Paes fará urbanização da Vila Autódromo (Destak – 09.03.2016)