Rio de Janeiro afogado: uma rotina inaceitável

Um forte temporal e o Rio parou.  Mais uma vez. E, novamente, a mesma ladainha: “Choveu, índices pluviométricos superiores aos últimos….”. 

Casas invadidas pelas águas, trabalhadores ilhados em diversos pontos da Cidade e toda a falta de infraestrutura aflorada. 

Enquanto o prefeito pedia para que a população evitasse sair de suas casas, em poucas horas a situação calamitosa se instaurou. Cenas de bolsões d´água, alagamentos e pessoas lamentando a perda de seus pertences comprados após a última enchente e que sequer foram pagos. Na TV, uma moradora de Manguinhos, na Zona Norte, relatava conformada, molhada da cabeça aos pés, que aquilo era “normal”  em dias de chuva mais forte.

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Crescer, crescer, crescer.. sem planejamento ?

O Rio de Janeiro pode simplesmente crescer sem uma infraestrutura urbana adequada ? Sem uma correspondência efetiva entre as várias demandas que se estendem há décadas ? Pode a legislação municipal permitir a expansão do crescimento vertical em delicadas regiões sem a instalação dos serviços públicos ?

O crescimento da Cidade precisa ser planejado. Sem isso, só resta esperar, novamente, pelas inundações e até o caos urbano, fruto do impacto climático, da impermeabilização do solo e da sobrecarga dos serviços urbanos. Tudo o que já acontece a olhos vistos, nas cidades em geral, nessa época do ano.

Aí vem os discursos e as justificativas das autoridades acompanhados pelas promessas de que “estão trabalhando” para mudar essa situação. Entra mandato, sai mandato …

Os “imprevistos” já conhecidos

7dyaho4dhl69grddyqxxpwihlA Cidade mostra sua fragilidade à qualquer interferência fora do que é absolutamente ordinário. Enquanto isto, mais cimento nos Parques, na Lagoa de Jacarepaguá, de Marapendi, entre tantos outros locais. 

Atenção: Nesta quarta-feira, a Câmara de Vereadores aprovou mais crescimento na Barra da Tijuca – projeto de lei complementar 114/2012, de iniciativa do prefeito, a “toque de caixa” agora em dezembro. Mais prédios para a Barra e para o Recreio. Lá onde o trânsito é “ótimo” e onde as Lagoas são “limpas”, onde o terreno é “firme” e “não” há impacto ambiental e climático”. Tudo com “ampla consulta à população”!  Peraí ! Você é da Barra ou Recreio  e não sabia? (Veja mais no artigo “Parque das benesses urbanísticas aprovado”)

É que o prefeito estava … onde mesmo?  Pode estar tentando tirar o entulho daquela que foi a nossa Perimetral, que ele destruiu com as próprias mãos e que ainda jaz morta na beira da Baia da Guanabara. Ela não enchia…

Em tempo; jornal afirma que Município de Nova Iguaçu, da Região Metropolitana do Rio foi o que mais sofreu com estas chuvas.  Os pobres, naturalmente.  Não foi lá que o candidato a governador Lindenberg Farias foi prefeito?

Vejam:

O filme abaixo é uma fantástica lição de como prevenir. Ele nos mostra a relação entre o crescimento da cidade de São Paulo e os rios Tietê, Tamanduateí e outros que deram os rumos, as balizas e o sentido urbano daquela cidade, mas que, depois, foram desprezados, enterrados e consumidos pelo planejamento rodoviarista que tomou conta do urbanismo paulistano.

A consequência disso, no entanto, não foi enterrada para sempre. Ela emerge concretamente, de tempos em tempos, à superfície daquela metrópole, nas enchentes – caro preço da imprevidência, do açodamento e da ganância….

ENTRE RIOS from Caio Ferraz on Vimeo.

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1 Resultado

  1. Todas as 5.500 prefeituras brasileiras estão viciadas na indústria da catástrofe.
    No Rio de Janeiro esta é uma prática padrão desde o século XIX e o crescimento desordenado somente ajuda a aumentar o drama e os ganhos irregulares com as ajudas de emergência.
    Obras de R$ 100.000,00, facilmente se transformam em grandes orçamentos de muitos milhões de reais.
    As construtoras e empreiteiras lavam assim, facilmente, o dinheiro que será devolvido aos funcionários públicos corruptos e uma parte será destinada aos partidos.
    O objetivo é o poder financeiro para convencer o povo ignorante através de propaganda enganosa, demagógica e hipócrita.
    Todos os envolvidos levam uma fatia de dinheiro público e, obviamente, o povo fica mais pobre, enquanto os privilegiados da Nomenklatura festejam no esconderijo do PoliTbüro…

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